quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Concepções erradas sobre as implicações da evolução






CONCEPÇÃO ERRADA: A teoria da evolução leva a comportamentos imorais

CORRECÇÃO: A teoria da evolução não faz considerações éticas sobre o certo e o errado. Algumas pessoas interpretam mal o facto de a evolução ter moldado o comportamento animal (incluindo o comportamento humano) como suporte da ideia de que qualquer comportamento “natural” é um comportamento “certo”. Não é esse o caso.

Cabe-nos a nós, enquanto sociedade e indivíduos, decidir o que é um comportamento ético e moral. A evolução simplesmente nos ajuda a compreender como a vida se alterou e se continua a alterar ao longo do tempo - e não nos diz se esse processo ou os seus resultados são “certos” ou “errados”.

Além disso, muitas pessoas acreditam erradamente que a evolução e a fé religiosa são incompatíveis e por isso assumem que aceitar a teoria da evolução encoraja comportamentos imorais. Nenhum dos casos está correcto.

Para saber mais sobre este tópico, ler a concepção errada “A teoria da evolução e a religião são incompatíveis” [a publicar brevemente].

Para saber mais sobre a noção de que a ciência não pode fazer declarações éticas, visite o sítio da internet do projecto Understanding Science.

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CONCEPÇÃO ERRADA: A evolução suporta a ideia de ‘o poder faz a razão’ (da expressão em inglês ‘might makes right’) e racionaliza a opressão de algumas pessoas por outras

CORRECÇÃO: No século IXX e início do século XX, apareceu uma filosofia chamada Darwinismo Social. Esta filosofia surgiu de uma tentativa equivocada de aplicar à sociedade as lições sobre a evolução biológica.

O Darwinismo Social sugere que a sociedade deve permitir que os fracos e menos aptos falhem e morram e que esta é uma política boa e moralmente correcta. Supostamente, o mecanismo de evolução por selecção natural serviu de suporte para estas ideias.

Preconceitos pré-existentes foram justificados pela noção de que nações colonizadas, pessoas pobres ou minorias desfavorecidas deverão ter merecido a sua situação porque eram “menos aptos” do que aqueles que estavam em melhor situação.

Neste caso, a ciência foi mal aplicada para promover uma agenda social e política. No entanto, enquanto o Darwinismo Social como orientação política e social tem sido amplamente rejeitado, a ideia científica de evolução biológica tem resistido ao teste do tempo.

Para mais informação sobre o Darwinismo Social, visite o projecto Talk Origins Archives [em inglês].

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CONCEPÇÃO ERRADA: Se se ensinar aos estudantes que eles são animais, eles ir-se-ão comportar como animais

CORRECÇÃO: Uma parte da teoria da evolução inclui a noção de que todos os organismos na Terra são aparentados.

A linhagem humana é um pequeno galho na árvore da vida que representa todos os animais. Isto significa que, no sentido biológico, os humanos são animais. Partilhamos características anatómicas, bioquímicas e comportamentais com outros animais. Por exemplo, nós, humanos, tomamos conta dos nossos jovens, formamos grupos cooperativos e comunicamos uns com os outros tal como muitos outros animais.

E, claro, cada linhagem animal tem características comportamentais que são únicas. Nesse sentido, seres humanos agem como seres humanos, lesmas agem como lesmas, esquilos como esquilos.

É improvável que as crianças, após saberem que estão ligados a todos os outros animais, se comecem a comportar como medusas ou um texugo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

NOVIDADE: alteração ao regulamento



O regulamento foi alterado de modo a incluir a participação de crianças e jovens mexicanos. Com esta possibilidade, está também prevista uma terceira edição digital do livro, em castelhano.

O novo regulamento pode ser consultado aqui.

Até final de Abril, contamos com as vossas participações!


NOVIDADE: extensão do concurso ao México




Fruto da colaboração estabelecida com a Faculdade de Ciências da UNAM, o concurso vai contar também com a participação de crianças e jovens mexicanos.

A divulgação do concurso no México estará sob a responsabilidade de Rodolfo Salas Lizana, professor no Departamento de Biologia Evolutiva daquela Universidade.

O regulamento pode ser consultado aqui [em castelhano].



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Concepções erradas sobre a aceitação da evolução






CONCEPÇÃO ERRADA: A teoria da evolução tem falhas mas os cientistas não o admitem

CORRECÇÃO: Os cientistas estudaram as supostas “falhas” que os grupos anti-evolução afirmam que existem e não encontraram qualquer suporte para essas afirmações. Essas “falhas” baseiam-se em incompreensões sobre a teoria da evolução ou deturpações de evidências.

À medida que os cientistas reúnem novas provas e novas perspectivas emergem, a teoria da evolução continua a ser aperfeiçoada; mas isto não significa que a teoria tem falhas. A ciência é um projecto competitivo e os cientistas estariam ansiosos para estudar e corrigir “falhas” na teoria da evolução, se estas existissem.

Para saber mais sobre como a teoria da evolução muda, veja as concepções erradas sobre este tópico (“A teoria da evolução é inválida porque é incompleta e não consegue dar uma explicação completa para a biodiversidade que observamos à nossa volta”) nesta publicação, neste blogue.

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CONCEPÇÃO ERRADA: A evolução é uma teoria em crise e está a colapsar à medida que os cientistas perdem crédito nela

CORRECÇÃO: A teoria da evolução não está em crise; os cientistas aceitam a evolução como a melhor explicação para a diversidade da vida por causa das múltiplas linhas de evidências que a suportam, o seu vasto poder para explicar fenómenos biológicos e a sua capacidade de fazer previsões precisas numa grande variedade de situações.

Os cientistas não debatem sobre se a evolução aconteceu mas debatem vários detalhes sobre como a evolução ocorreu e ocorre em diferentes circunstâncias.

Os anti-evolucionistas podem ouvir debates sobre como a evolução ocorre e interpretá-los erradamente como debates sobre se a evolução ocorreu.

A evolução é uma ciência rigorosa e é tratada como tal por cientistas e académicos de todo o mundo.
 
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CONCEPÇÃO ERRADA: A maior parte dos biólogos rejeitou o ‘Darwinismo’ e já não concordam com as ideias desenvolvidas por Darwin e Wallace

CORRECÇÃO: É verdade que aprendemos muito desde o tempo de Darwin. Hoje compreendemos as bases genéticas da herança das características, podemos datar muitos eventos no registo fóssil até algumas centenas de milhares de anos e podemos estudar a forma como a evolução moldou o desenvolvimento a um nível molecular.

Estes avanços - que Darwin dificilmente poderia ter imaginado - expandiram a teoria da evolução e tornaram-na mais poderosa; no entanto, não derrubaram os princípios básicos formulados por Darwin e Wallace, de evolução por selecção natural e ancestralidade comum; simplesmente lhes adicionaram conhecimento.

É importante ter em mente que a elaboração, modificação e expansão de teorias científicas é uma parte normal do processo da ciência.

Para saber mais sobre como a teoria da evolução muda, veja as concepções erradas sobre este tópico (“A teoria da evolução é inválida porque é incompleta e não consegue dar uma explicação completa para a biodiversidade que observamos à nossa volta”) nesta publicação, neste blogue.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Concepções erradas sobre a teoria da evolução e sobre a natureza da ciência





CONCEPÇÃO ERRADA: A evolução não é ciência porque não pode ser observada ou testada

CORRECÇÃO: Este equívoco engloba duas ideias incorrectas: (1) que toda a ciência depende de experiências laboratoriais controladas, e (2) que a evolução não pode ser estudas usando essas experiências.

Primeiro, muitas investigações científicas não envolvem experiências ou observações directas. Os astrónomos não podem ter estrelas nas suas mãos e os geólogos não podem recuar no tempo, mas ambos os cientistas podem aprender muito sobre o universo através da observação ou da comparação. Do mesmo modo, os biólogos evolutivos podem testar as suas ideias sobre a história da vida na Terra fazendo observações no mundo real.

Segundo, apesar de não podermos realizar uma experiência que nos diga como foi que a linhagem dos dinossauros radiou, podemos estudar muitos aspectos da evolução com experiências controladas, num laboratório. Em organismos com tempos entre gerações curtos (ex.: bactérias ou moscas da fruta), podemos mesmo observar a evolução em acção no decorrer de uma experiência. E, em alguns casos, os biólogos observaram a evolução a ocorrer na natureza.

Para aprender mais sobre evolução rápida na natureza, visite a história sobre as alterações climáticas, a nova história sobre a evolução de peixes resistentes ao PCB ou o perfil de investigador sobre a evolução do tamanho dos peixes em resposta às nossas práticas de pesca [todos em inglês].

Para aprender mais sobre a natureza da ciência, visite o o sítio da internet do projecto Understanding Science [em inglês].

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CONCEPÇÃO ERRADA: A evolução é ‘apenas’ uma teoria

CORRECÇÃO: Esta concepção errada deriva de uma confusão entre o uso casual e científico da palavra teoria.

Na linguagem do dia-a-dia, teoria é muitas vezes usado como sinónimo para um palpite com pouco suporte dado pela evidência. Por outro lado, as teorias científicas são explicações abrangentes para uma ampla gama de fenómenos. Para ser aceite pela comunidade científica, uma teoria tem que ser fortemente suportada por várias linhas diferentes de evidências.

 A evolução é uma teoria científica bem suportada e amplamente aceite; não é ‘apenas’ um palpite.

Para aprender mais sobre a natureza das teorias científicas, visite o sítio da internet do projecto Understanding Science [em inglês].

Leia também esta publicação, neste blogue.

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CONCEPÇÃO ERRADA: A teoria da evolução é inválida porque é incompleta e não consegue dar uma explicação completa para a biodiversidade que observamos à nossa volta

CORRECÇÃO: Este equívoco decorre de uma má compreensão da natureza das teorias científicas. Todas as teorias científicas (da teoria da evolução à teoria atómica) são trabalhos em progresso.

À medida que novas provas se descobrem e novas ideias se desenvolvem, a nossa compreensão de como funciona o mundo muda, assim como também mudam as teorias científicas.

Apesar de não sabemos tudo o que há para saber sobre a evolução (ou sobre qualquer outra disciplina científica), sabemos muito sobre a história de vida, o padrão de ramificação de linhagens ao longo do tempo e os mecanismos que causaram essas mudanças. E iremos aprender mais no futuro.

A teoria da evolução, como qualquer outra teoria científica, ainda não explica tudo o que observamos no mundo natural. No entanto, a teoria da evolução ajuda-nos a compreender uma grande variedade de observações (do aparecimento de bactérias resistentes a antibióticos até à semelhança física entre polinizadores e suas flores preferidas), faz previsões precisas em novas situações (por exemplo, que o tratamento de pacientes de SIDA com um conjunto de medicamentos deve retardar a evolução do vírus), e provou estar correcta uma e outra vez em milhares de experiências e estudos observacionais.

Até à data, a evolução é a única explicação bem suportada para a diversidade da vida.

Para saber mais sobre a natureza das teorias científicas, visite o sítio da internet do projecto Understanding Science [em inglês].

Leia também esta publicação, neste blogue.

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CONCEPÇÃO ERRADA: As falhas no registo fóssil refutam a evolução

CORRECÇÃO: Apesar de ser verdade que há falhas no registo fóssil, isto não constitui evidência contra a teoria da evolução.

Os cientistas avaliam as hipóteses e as teorias fazendo previsões sobre o que esperamos observar se uma determinada ideia for verdadeira e, depois, verificando se essas expectativas se confirmam.

Se a teoria da evolução for verdadeira, então esperamos ver formas de transição ligando espécies antigas com os seus antepassados e os seus descendentes. Esta expectativa foi confirmada. Os paleontólogos encontraram vários fósseis com características de transição e novos fósseis estão continuamente a ser descobertos. No entanto, se a teoria da evolução for verdadeira, não esperamos que todas essas formas estejam preservadas no registo fóssil. Muitos organismos não têm partes do corpo que fossilizam bem, as condições ambientais para formar bons fósseis são raras e, claro, apenas se descobriu uma pequena percentagem dos fósseis que estarão preservados na Terra. Por isso, os cientistas esperam que para muitas transições evolutivas haja falhas no registo fóssil.

Para saber mais sobre como testar ideias científicas, visite o sítio da internet do projecto Understanding Science [em inglês].

Para saber mais sobre transições evolutivas e os fósseis que as documentam, visite o módulo sobre esse tópico [em inglês].