sábado, 17 de novembro de 2012

Concepções erradas sobre selecção natural e adaptação #2





CONCEPÇÃO ERRADA: Numa população, os organismos mais aptos são aqueles que são mais fortes, saudáveis, rápidos e/ou maiores

CORRECÇÃO: Em termos evolutivos, aptidão tem um significado diferente do significado quotidiano da palavra. A aptidão evolutiva de um organismo não diz nada sobre a sua saúde mas antes sobre a sua capacidade de passar os seus genes para a geração seguinte.

Quanto mais descendentes férteis um organismo deixar, mais apto é. Isto não se correlaciona necessariamente com força, velocidade ou tamanho.

Por exemplo, um macho franzino de uma espécie de ave com penas da cauda brilhantes pode deixar mais descendentes que um macho forte mas mais escuro e uma planta frágil com grandes vagens cheias de sementes pode deixar mais descendentes que um espécime maior - o que significa que a ave franzina e a planta frágil tem mais aptidão evolutiva que os seus iguais mais fortes e maiores.

Para saber mais sobre aptidão evolutiva, veja o separador Evolution 101 [em inglês].

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CONCEPÇÃO ERRADA: A selecção natural é a sobrevivência dos organismos mais aptos numa população

CORRECÇÃO: Embora a “sobrevivência dos mais aptos” seja o lema da selecção natural, a “sobrevivência do suficientemente apto” é mais correcto.

Na maior parte das populaçõesa, organismos com variações genéticasa diferentes sobrevivem, reproduzem-se e deixam descendentes que transportam os seus genes para a geração seguinte.

Não são apenas aqueles um ou dois indivíduos “melhores” que passam os seus genes para a geração seguinte. Isto é visível em populações ao nosso redor: por exemplo, uma planta pode não ter os alelosa para florescer durante uma seca ou um predador pode não ser suficientemente rápido para conseguir apanhar uma presa sempre que tem fome. Estes indivíduos podem não ser os “mais aptos” da população mas são “suficientemente aptos” para se reproduzirem e passar os seus genes à geração seguinte.

Para saber mais sobre o mecanismo da selecção natural, veja o artigo sobre este tópico [em inglês].

Veja também esta publicação ou esta actividade pedagógica.

Para saber mais sobre aptidão evolutiva, veja o separador Evolution 101 [em inglês].

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CONCEPÇÃO ERRADA: A selecção natural produz organismos que estão perfeitamente adaptados ao seu ambiente

CORRECÇÃO: A selecção natural não é toda-poderosa. Há várias razões para a selecção natural não poder produzir características “perfeitamente construídas”.

Por exemplo, os seres vivos são feitos de características que resultam de um conjunto complicado de concessões - mudando uma característica para melhor pode significar uma mudança de outra para pior (por ex., uma ave com a plumagem da cauda “perfeita” para atrair parceiros pode ser particularmente vulnerável a predadores, por causa da sua longa cauda).

E, claro, porque os organismos surgiram a partir de histórias evolutivas complexas (e não de um processo planificado ou de design), o seu futuro evolutivo está muitas vezes condicionado por características que já evoluíram.  

Por exemplo, mesmo que fosse vantajoso para um insecto desenvolver-se de outra forma que não através de mudas, esta alteração simplesmente não poderia acontecer porque a muda faz parte da composição genética dos insectos em vários níveis.

Para saber mais sobre as limitações da selecção natural, visite o módulo sobre o tema [em inglês] e este módulo sobre concepções erradas sobre selecção natural e adaptação.

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CONCEPÇÃO ERRADA: Todas as características de um organismo são adaptações

CORRECÇÃO: Uma vez que os seres vivos têm adaptações tão impressionantes (camuflagens incríveis, truques para caçar presas, flores que atraem apenas os polinizadores certos, etc.), é tentador assumir que todas as características dos organismos têm que ser de algum modo adaptativas - reparar algo num organismo e automaticamente questionar: “Para que servirá aquilo?”.

Enquanto algumas características são adaptativas, é importante lembrar que muitas não são adaptações. Algumas podem ser o resultado casual da história.

Por exemplo, a sequência de basesa GGC codifica o aminoácidoa glicina simplesmente porque essa foi a forma como começou por acontecer - e foi essa a forma que herdámos do nosso ancestral comuma. Não há nada de especial na relação entre GGC e glicina. É apenas um acidente histórico que se manteve.

Outras características podem ser o resultado secundário de outras características. Por exemplo, a cor do sangue não é adaptativa. Não há qualquer razão que suporte que ter o sangue vermelho seja melhor que ter o sangue verde ou azul. O vermelho do sangue é um resultado secundário da sua química, que o faz reflectir a luz vermelha. A química do sangue pode ser uma adaptação mas a cor do sangue não é uma adaptação.

Para ler mais sobre explicações de características que não são adaptativas, visite o módulo sobre o tema [em inglês] e este módulo sobre concepções erradas sobre selecção natural e adaptação.

Para saber mais sobre características que são adaptações, visite outra página no mesmo módulo [em inglês].


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a Definição no Glossário.  

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